Colheita dos cafés Robustas Amazônicos avança e chega a 40% em Rondônia
O mês de maio é o ápice da colheita do café em Rondônia e as atividades da cadeia produtiva continuam a todo vapor. A Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) realizou consulta com várias instituições que atuam diretamente com os cafeicultores como Emater Rondônia, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Câmara Setorial do Café do Estado de Rondônia, para verificar como anda a evolução da colheita no estado e constatou que de 40% das lavouras já foram colhidas em Rondônia.
A colheita em Rondônia foi iniciada oficialmente no dia 10 de abril, conforme prevê a Lei Estadual nº 3.516, de 17 de março de 2015. Essa data serve como referência para o produtor iniciar a colheita do café em ponto de maturação adequado, visando maior rendimento e qualidade, isso se dá quando pelo menos 80% dos frutos estiverem no ponto cereja.
A maturação de cada lavoura, depende da genética das plantas, das condições climáticas e do manejo empregado, por isso alguns produtores iniciaram a colheita no final de março, com clones de maturação precoce, outros ainda nem começaram, pois aguardam o ponto ideal e os clones mais tardio podem atingir o ponto de maturação no mês de agosto.
Segundo o cafeicultor de Alto Alegre dos Parecis, Alex Lima, quase todos os produtores de sua linha já colheram o café. “Minha colheita está em mais ou menos 15%, colhemos apenas os clones mais precoces, como queremos um café de melhor qualidade, a intenção é intensificar a colheita entre os meses de junho e julho”, disse.
Rozeli da Silva, cafeicultora de São Miguel do Guaporé, contou que iniciou agora a colheita do café. “Nós começamos agora, mas na minha região, muitos produtores já colheram, alguns bem verdes. Dessa vez eu e minha filha estamos buscando estratégias diferentes, pois a gente vai participar do Concafé. Vamos colher bem maduro, e inclusive eu já coloquei uma parte do café para fermentar. Estamos com uma boa expectativa”, falou.
A colheita do café é predominantemente realizada de forma manual pelas famílias dos cafeicultores. A prática da colheita semimecanizada ainda é pouco utilizada, isso está relacionado ao tamanho das lavouras que na média não ultrapassam quatro hectares, logo o investimento em colhedoras não compensa.
O pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, explicou que apesar de ainda existir no estado de Rondônia um grande número de produtores que não realizam a colheita e pós-colheita da forma tecnicamente recomendada, cresce a cada ano o número de cafeicultores que se dedicam a produzir robustas finos para participar de concursos estaduais e nacionais e para comercializar na forma de microlotes, agregando mais valor ao produto.
“A colheita, com pelo menos 80% dos frutos maduros, o processo de lavagem para retirada dos frutos boias (defeituosos, secos e mal granados), assim como uma secagem lenta e em temperatura adequada, de 35°C a 45°C, são as principais recomendações para a safra”, declarou.
PRODUÇÃO
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deverá produzir uma média de 60 milhões de sacas de café em 2020, das quais 75% serão arábica e 25% de robusta/conilon. Rondônia é o 5° maior produtor de café do país, ficando apenas atrás de Minas Gerais, Espirito Santo, São Paulo e Bahia. Deverá produzir em torno de 2,3 milhões de sacas de 60 kg de café na safra 2020.
Rondônia é o maior produtor de café da região Norte do Brasil, e sua produção poderá ser duplicada nos próximos anos, principalmente por incrementos em produtividade, haja vista que os cafeicultores estão renovando o parque cafeeiro, substituindo lavouras seminais por clonais, que são mais produtivas.
Conforme relatou o presidente da Câmara Setorial do Café de Rondônia, Ezequias Neto, mais conhecido como Tuta, os produtores, maquinistas e exportadores de maneira geral estão satisfeitos com a produção do café. “A safra está superando as expectativas com aumento de produtividade das lavouras, com qualidade e com valorização de preço. Os municípios e o estado de Rondônia terão aumento de divisas com o ICMS recebido. Cerca de 20% do café colhido nesta safra foram comercializados com preço médio de R$ 300 reais a saca.”
ESTRATÉGIAS DE COLHEITA
Como estratégia para continuar o atendimento e orientação aos cafeicultores, durante a pandemia do coronavírus (Covid-19), o governo do Estado por meio da Seagri e Emater, está investindo em estratégias de atendimentos virtuais, com fermentas como aplicativos de mensagens e videoconferências. Existem dezenas de grupos em redes sociais com a participação dos cafeicultores, em que os técnicos têm repassado informações em formas de vídeos e materiais técnicos.
Segundo o engenheiro agrônomo, responsável pelo programa de cafeicultura da Emater, Raphael Cidade, a Emater e Seagri estão orientado os produtores sobre os cuidados com a saúde, como evitar aglomeração, cuidados com higienização, entre outros recomendados pelos órgãos de saúde.
“Nesse momento de pandemia do coronavírus, que coincide com o período da colheita, as orientações técnicas aos produtores continuam, porém estamos buscando formas alternativas para a comunicação com os produtores, que tem ocorrido de forma remota, em ligações por telefone, redes sociais e videoconferência”, explicou. A Emater atende atualmente 3.392 famílias de cafeicultores em Rondônia.
O engenheiro agrônomo, que presta assessoria técnica e gerencial a cafeicultores da Zona da Mata pelo Senar, Tony Balbino, confessou que a pandemia influenciou bastante no início da colheita. Devido às incertezas quanto ao mercado, alguns produtores optaram por colher verde temendo recessão nos preços e fechamento de mercados consumidores, portos, etc.
“Depois desse período, assistimos ao avanço dos preços a cada dia, assim os produtores tiveram mais confiança em segurar os frutos na planta e colher com melhor estágio de maturação. Estes produtores tiveram melhores resultados em rendimento que os primeiros a colher, além de alcançarem os melhores preços.”
A Seagri em parceria com a Embrapa Rondônia produziu uma cartilha com estratégias para a colheita do café com orientações sobre técnicas de colheita e pós-colheita com foco no rendimento e na qualidade do café e com recomendações sobre a prevenção ao Covid-19.
TIPOS DE CAFÉS
O café é a bebida mais consumida no mundo. As espécies mais cultivadas e de maior importância econômica são o Coffea arábica (conhecida como arábica) e Cofea canephora (conhecida como robusta ou conilon). Dentre as variedades mais comuns da espécie café canephora estão a robusta e a conillon. Para o café arábica tem grande destaque as variedades Mundo Novo, Catuaí, Icatu e Catucaí.
Cada espécie tem o seu papel no vasto mundo do café. Uma série de parâmetros genéticos distinguem as duas espécies, como arquitetura da planta, formato dos grãos e especialmente os constituintes químicos e sensoriais. A planta do robusta, em geral, tem folhas maiores, grãos com peneiras superiores e o dobro da cafeína em relação ao Arábica.
Os atributos sensoriais dos Robustas, geralmente são encorpados, com sabores achocolatados de amêndoas e castanhas. Já os arábicas são mais suaves, adocicados e com sabores frutados. “Essas descrições entre as duas espécies dependem de uma série de fatores que vão além da genética de cada espécie, envolvem fatores de manejo das plantas, colheita, pós colheita, processamento, armazenamento, torra entre outros”, explicou o engenheiro agrônomo da Seagri, Janderson Dalazen.
Os cafés tradicionais mais consumidos no Brasil, em sua grande maioria, são uma mistura (blend) destas duas espécies, que torna o custo mais acessível. Em Rondônia a produção predominante é de Robusta, e dada a localização (altitude), e especialmente pelo processo de identificação geográfica que se está pleiteando, passou-se a chamar o café produzido no Estado de Robusta Amazônico.
Secom